Esquecem-me os tempos tal como eu me esqueço de tudo. Sobram-me detalhes de conversas paradas: um cabelo isolado pousado na risca que lhe atravessa o ombro; "sinto"; "(...)negligenciaste-me desde que começaste a andar com o teu grupinho (...)"; a força daquele abraço quando por fim o sorriso surgiu; "nem sei como aconteceu"; o fumo lentamente roendo o cigarro que lhe pendia das mãos; "não me olhes assim!"; os cabelos que caiam nos ombros como a vida naqueles olhos; "(...) mais ninguém?...Acho que afinal não vou"; "Ando tão parva...não ligues é da hora"; O vento a bater-me na cara enquanto os observo a descer as escadas; "Carol, tenho sempre tanto medo que ele me deixe quando discutimos"; aquele primeiro olhar, primeiro pensamento, primeira impressão comparando com tudo o que veio depois; "sinto-me vazia. Vou ver «Os Contemporâneos» e já venho";
Cinzas de sentimentos.
Palavras que se misturam com as melodias que me acompanham os dias, com as imagens que me preenchem os sonhos. Uma confusão de realidades sonhadas e quereres que não se concretizam.
Porque é a vida tão complicada?
Carol
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