26.4.09

Uma noite

Calço uma meia. Depois outra. Olho-te. Dormes sossegado, feliz. Confiante. O quarto ainda penumbra, resquícios da noite que o sol já tenta levar. Procuro em silêncio as roupas espalhadas pelo chão. Ainda quentes, talvez apenas do desejo que nelas habitou. Observo as pequenas linhas de luz no teu corpo abandonado nos lençóis. São marcas que a manhã deixa na tentativa de penetrar o nosso lugar. Esta nossa intimidade feita de conversas, vinho, jazz e corpos suados.
As tuas roupas ainda espalhadas pelo chão. O teu corpo, descoberto. Passo uma ultima vez a minha mão pelos teus cabelos; deixo-a descair e percorrer uma vez mais as tuas costas. Sorris, agradam-te as carícias. Beijo-te, suavemente para que não acordes. Com carinho para que o recordes. Desculpa-me.
Aproximo-me com vagar da porta. Sei o caminho que tínhamos prometido não voltar a percorrer.
O sol, como um ponto final vibrante e quente, marcando o fim.



Carol

Contribuidores