
Mal movia os lábios para dizer
o que fosse. Estendido na areia
ainda quente desse verão. Depois
do duche, trocar de roupa, a noite seria
dele e de quem surgisse.
A precisão do corpo ao entrar
na pista, o gel no cabelo, os movimentos
sensuais, os olhos semicerrados
em que se revia mercenário do desejo.
A sua vida era o seu corpo, os sentimentos
uma questão de preço.
O outro, sentado no balcão corrido
dos derrotados, olhava
para as águas mornas do golfo
do méxico, acendia o charuto,
desgarrado da órbita deste mundo,
«o teu corpo, onde raras vezes
cheguei a tempo, transforma a paixão
num dejecto...», anotava alguns versos
fonte de erros para quem ama.
És tão difícil, ruína – já nu antes de adormecer.
o que fosse. Estendido na areia
ainda quente desse verão. Depois
do duche, trocar de roupa, a noite seria
dele e de quem surgisse.
A precisão do corpo ao entrar
na pista, o gel no cabelo, os movimentos
sensuais, os olhos semicerrados
em que se revia mercenário do desejo.
A sua vida era o seu corpo, os sentimentos
uma questão de preço.
O outro, sentado no balcão corrido
dos derrotados, olhava
para as águas mornas do golfo
do méxico, acendia o charuto,
desgarrado da órbita deste mundo,
«o teu corpo, onde raras vezes
cheguei a tempo, transforma a paixão
num dejecto...», anotava alguns versos
fonte de erros para quem ama.
És tão difícil, ruína – já nu antes de adormecer.
Fernando Luís Sampaio
in Escadas de incêndio, Quetzal
Sem comentários:
Enviar um comentário